quinta-feira, 23 de abril de 2009

193/192 x CIDADÃO




Discando 193:
- Bombeiros soldado Fulaninho no que posso ajudar?

- Bom dia, tem um rapaz caído na calçada em frente a minha casa, ele desmaiou.

- Ele está caído em frente a sua casa? (, não foi o que eu disse!)

- Sim!

- Senhora, ele bateu a cabeça? (que pergunta é essa???)

- Bom, ele desmaiou, caiu durinho para trás, logo ele bateu a cabeça, e não só a cabeça, bateu o corpo inteiro! (dã!)

- Senhora, ele está bêbado? (hã??? alguém me empresta um bafômetro?)
- Não sei.

- Ele está consciente? (porra, acabei de dizer que o cara DESMAIOU, como ele poderia estar consciente?)

- Olha, estou ligando solicitando a você um atendimento de emergência! Ele tem uma cicatriz no peito que indica cirurgia cardíaca (A especialista), MANDA UMA AMBULÂNCIA ANTES QUE ELE MORRA POR FAVOR!

- Senhora, no momento nós estamos sem ambulância, ela saiu a menos de 5 minutos (poxa, quase peguei essa ¬¬º ).

- Senhor bombeiro, e o que eu devo fazer? Esperar ele morrer e chamar o rabecão direto? (aposto que ele adorou essa idéia)
- Senhora, liga no SAMU.

- Muito obrigada senhor bombeiro por me encher de perguntas inúteis e me fazer gastar um tempo que não é vital para este ilustre desconhecido que jaz em minha porta! (Pof! telefone na cara!)

Discando 192:
- Fulanetedetal bom dia qual a ocorrência? (hã?)

- OCORREU que eu preciso que mandem uma ambulância.

- Para quê senhora? (para eu passear no parque com as sirenes ligadas. É que me deu vontade)

- Um rapaz está desmaiado na porta de minha casa. Ele tem uma cicatriz no peito de cirurgia cardíaca (mais uma vez: A especialista).

- Senhora, o paciente está consciente? (será que isso é uma irracionalidade padrão?)

- Senhor, ele ESTÁ DESMAIADO! Como ele poderia estar consciente estando desmaiado? (resolvi devolver a pergunta no mesmo nível)

- Senhora, eu vou estar encaminhando a ligação para um médico. (pensei que o gerundismo estava proibido no atendimento público em Brasília)

musiquinha irritante... Demora mais irritante ainda.

- Bom dia, médica Qualqueruma, qual é a ocorrência? (porra, lá vou eu de novo!)

- Tem um homem desmaiado, inconsciente, com cicatriz cirúrgica no peito, provavelmente, cardíaca, que bateu a cabeça enquanto caía. Não sei se ele bebeu até cair, ou se caiu antes de beber! (a prática leva a perfeição, e a irritação como colateral)

- Senhora, ele tem pulso? (alguém pode me dar um curso de medicina a jato?)

- Olha, eu não sou médica, não vou chegar perto do cara e estou solicitando uma ambulância, dá para ser?

- Senhora é que muitas vezes trata-se de uma pessoa embriagada, quando a ambulância chega eles se recusam a entrar nela e ainda nos tratam mal. (e eu com isso??? Quer que eu te conte das desventuras de ser uma educadora no Brasil?). Senhora, recebemos inúmeros trotes, precisamos saber... (RÁ! interrompi mesmo!)

- NÃO É UM TROTE CACETE! É UM DIREITO MEU ENQUANTO CIDADÃ SOLICITAR/RECEBER ATENDIMENTO PÚBLICO E UMA OBRIGAÇÃO SUA ENQUANTO EMPREGADA PÚBLICA MANDAR A AMBULÂNCIA!!! (o "empregada pública" foi bem proposital)

- Senhora, aguarde na linha. (enquanto o cara morre?)
musiquinha irritante...

- Pai, o povo não quer mandar a ambulância... (comentário dirigido ao meu papai querido, e tão somente a ele!)

- Senhora, não é que eu não queira mandar a ambulância, mas precisamos... (além de intrometida, foi grosseira. Resultado: interrompi novamente)

- ENTÃO MANDA LOGO!!!

- O endereço por favor.

Detalhe, a ambulância nunca chegou. E o cara?
Bom, o cara não morreu, mas passou muito mal! Se levantou depois de mais de 20min desmaiado e saiu cambaleando pela rua.

Agora, vá você cidadão atrasar um imposto de renda, um IPTU, um IPVA, ou um dos "vários muitos" impostos pagos ou simplimente não pagar assim como a ambulância não apareceu... Experimenta!

E pior, vá contar com atendimento público de saúde, este sim jaz há muito!

Vai aí um link de lambuja para fazer notar que esta fábula (é tão surreal quanto), não se trata de um caso isolado: (Ps: as imagens são fortes)

]=

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Enlataram um pensamento: